sexta-feira, 7 de agosto de 2015

MIKIO, 167; BH, 0210502013; Publicado: BH, 070802015.

Carente, não ganhei o dia, não
Ganhei a noite; sedento de
Álcool, ou de sangue, o que
Saciaria um inexpressivo?
O que resgataria um que não
Tem resgate? deficiente, sufocado
Na ineficiência, qual a ciência
Que ensina paciência? mentiu
A vida toda, ao dizer que teve a
Vida toda para ganhar a vida e
Nunca teve a vida toda; enganou
O mundo, era o que se ouvia
Pelos corredores; tinha o dom de
Mentir tão bem, que não havia,
Quem duvidasse duma mentira,
Que contava; e a maioria confirmava
A mentira, com se fosse uma verdade;
E a maior coroação do fato, morreu
Sem nunca ter sido desmascarado,
Desmentido; morreu vero, dotado de
Palavra que nunca teve, letra que
Nunca honrou; e na sala, foi
Reverenciado com deferência de
Corpo presente, encomendado pelo
Padre, como se encomenda um
Santo para chegar ao céu; em cima
Da mesa, elegante, terno de linho,
Sapato cromo alemão e entre os
Choros e velas, dum lado a outro,
Alguém repetia, o que dizia a
Vida toda: carente, não ganhei
O dia, não ganhei a noite;
Sedento de álcool, ou de sangue,
O que sacia esse rebento desmamado.

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