Acabou-se o que era doce vi-me
Da noite para o dia com as calças
Nas mãos os pés rotos no chão as
Botas desbotadas encostadas no
Canto da parede quem num dia
Era rei noutro virou mendigo a
Pechinchar na xepa da feira a
Pedir pão dormido nas padarias
Passei não mais a viver a poesia
Não mais a fazer aquela oração
Do pão nosso de cada dia dá-nos
Hoje a fé escafedeu-se de mim
Como um raio que parte duma
Nuvem carregada aquele porto
Donde sorrateiro observava o
Universo aquele outeiro onde
Permanecia alerta estátua
Como um colosso a guarnecer
As entranhas das galáxias vi-me
Desprovido dele nu com as
Vergonhas à mostra sem reação
À deposição de minha autoridade
Ouvi vozes desconfortáveis que
Indignadas reprovavam a minha
Decomposição aleguei que faria
Uma nova experiência que
Como um pensador de Rodin
Encontraria a pedra certa para
Apresentar a bunda que talvez até
Mais vestimentas apropriadas para
Esconder as vergonhas ora transformadas
Em banhas isso é no que dá ser passional
Patético amador o universo pede
Sem sentir este pobre observador
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