Vai à venda de teu pai
Buscar uma barra de sabão
Para lavar a roupa suja
O tanque está cheio
E o sabão acabou
E saía a correr
Moleque ligeiro
Menino perdigueiro
Pela cidade a fora
A cruzar ruas
A dobrar esquinas
A farejar becos
A cortar ruelas
Até chegar à venda
Que era a do meu pai
Enchia as mãos sujas de doces
E os bolsos de balas
Apanhava alguns trocados
Escondidos do meu pai
Pegava a barra de sabão
E outras coisas mais
E voltava para à casa
Feliz da vida
Novamente pelas ruas da cidade
A mexer com uns aqui
A xingar outros acolá
A levar cascudos doutros cá
Dava pedradas noutros ali
E lá voltava para à casa
Todo sujo
Todo ligeiro
Todo imundo
Todo esperto
Todo moleque
Tal qual um menino
Que se presa criança
A barra de sabão
Já toda amassada
E minha mãe coitada
De tanto esperar
Estava cansada
E tinha até desistido
De lavar a roupa suja
E me mandava já
Para o banheiro
A tomar um banho
De chuveiro
E esfrega bem o pescoço
E atrás das orelhas
Que é para tirar as tiriricas.
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