quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Não abres essa boca para mim; RJ/1977; Publicado: BH, 0120802021.

Não abres essa boca para mim
E nem viras essa cara para cá
E te enterro bem fundo
E fiques lá no teu apodrecimento
Bem longe do mundo
Bem longe de mim
Fiques lá com o teu câncer
Não me venhas pedir esmolas
E nem me venhas pedir ajuda
Dá um tiro na cabeça e
Faze qualquer coisa
Que quiseres fazer ou
Que não queiras fazer
Não me olhes com esse olho cego
E nem me sorrias com essa boca monstruosa
Vai viver entre os vermes
Vai chorar entre os defuntos
Comas teu próprio cadáver
Bebas teu próprio vômito
Tenhas nojo de ti mesmo
Podre imundo virulento
Não acabes o mundo com tua peste
Quebres tua cabeça
Com esse teu cérebro maldito
E maldito sejas entre tudo
E odiado sejas entre todos
Entre os vivos e entre os mortos
Serpente traiçoeira
Cão raivoso cérbero infernal
E te decomponhas vivo
E te extermines vivo e
Que não sobre
Nenhuma partícula da tua nojeira
Não quero te ver dizer
Não quero te ver gritar
Não tragas esse inferno para cá
Fiques lá contigo mesmo
Não vivas
Não morras
Apodreças miserável
Na sepultura do teu coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário