Um dia vou me matar
Um dia vou me morrer
E vou tirar de dentro de mim
Toda impureza que encontrar
E vou abrir minha barriga num
Haraquiri e jogar minhas tropas
De tripas no mundo e vou abrir o meu
Peito e beber o sangue quente
Do meu coração e o leite
Pasteurizado do meu seio e vou
Quebrar a cabeça e pegar os
Miolos do cérebro e bater no
Liquidificador e fazer uma
Vitamina e beber e vou me
Acabar diante de mim e arrancar
Os olhos e cortar a língua e
Decepar as orelhas e entupir os
Ouvidos com concreto armado e
Vou pôr as cartas na mesa e me
Enfrentar e quero ter sobre mim
Pelo menos uma vitória por dia e
Vou me virar aos acessos e deixar
As vergonhas dos meus organismos
À luz do sol para matar e secar todos
Os vermes e bactérias e germes e
Micróbios e vou me matar e me
Estrangular e me morrer perante
Minha própria sombra e silhueta e
Penumbra e assombração e um dia
Ainda serei o meu herói e serei
Formado em mim mesmo e serei eu
Comigo mesmo a me conhecer e a me
Amar e a me compreender e a me
Entender e um dia ainda vou me vencer
E ao me vencer vencerei o mundo.
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