segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Petrônio, Texto; RJ/1977; Publicado: BH, 020802021.

Quem a uma arte severa aspira
E a grandes causas aplica o espírito
Vida simples e frugral deve levar
Alto paço de frente altiva despreze;
Nem, vil cliente, cobice lautas ceias
Na devassidão, não ofusque
Com o vinho o vigor da mente.
Nem dê o seu aplauso interessado
Às tolas momices de histriões.
Mas se preferir as torres de Atenas guerreira,
A terra que o colono de Esparta cultiva,
Ou a mansão das sereias -
Restitua então aos versos
Os seus primeiros anos, e na fonte de Homero beba com abundância.
Saciado depois da tropa socrática que livre procure
As armas do altivo Demóstenes, e as empunhe,
Influenciado, então, será pelos romanos que, libertados
Dos gregos acentos, o gosto mudando-lhe,
dar-lhe-ão nova inspiração.
Subtraindo do fórum o pensamento
Que a pena corra sobre o papel, celebrando
Aventuras várias, cantando-as com estilo épico,
E as guerras heróicas que lhe dão alimento,
Ou descrevendo, então, o verbo grandioso do indomável Cícero.
- Orna teu espírito com tal tesouro; qual onda fluente:
Dos teus lábios brotarão palavras dignas das Musas.

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