terça-feira, 3 de agosto de 2021

Filosofia do caipira caapora; RJ/1977; Publicado: BH, 030802021.

Não catuco cascavel com pau curto
E nem enfio a mão em buraco de tatú
Não mexo em casa de maribondos e
Nem ponho o dedo na boca de bobo
E faço do desastre a minha arte e
Faço do não feito o meu feito e em
Lagoa de Piranhas não nado nem de 
Costas e em vassoura de bruxa não
Pego carona e com o meu susto assusto
O susto do fantasma que me assustou e
Não pasto em pasto de boi bravo e nem
Bebo água de riacho de lobo e peço a
Deus por todo mundo e oro a Deus por
Todas as pessoas e por mim ninguém
Morreria tão cedo e comigo a morte
Não ganharia vintém e não prendo
Borboletas com alfinetes e nem arranco
Asas de besouros e conservo a naturalidade
Da natureza e vejo a beleza no que é feio
E faço o cego enxergar longe e o mudo
Cantar ópera e faço o surdo escutar a
Ode sinfônica e filarmônica e marcial e
Triunfal e faço o triste sorrir de alegria
E sou igual a cigarra e levo a vida s cantar
E não sou igual à formiga que passa o
Tempo a trabalhar e sou igual ao gato e
Sempre a meditar e ao sapo a filosofar e por
Isso estou de bem comigo mesmo e além disso Estou de bem com a humanidade inteira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário