E nos tempos de pirralho
Era sempre revoltado com
Os grandes à minha volta
E não podia nem xingar
E era proibido de fazer
Tudo que queria
E não tinha liberdade
Diziam que todo ato
Era maldade ou molecagem
E não subia nos muros
Para ver as empregadas
A troca de roupas
Pois cada vez que subia
Tinha alguém para me pegar
E nos tempos de pirralho
Não podia olhar debaixo
Das saias das vizinhas
E na escola não podia
Beliscar os traseiros das colegas
Das salas de aulas
E nos tempos de pirralho
Tinha medo de viver
Tinha medo de fazer
E era tudo cobrado em dobro
Cada dia de trabalho dado
E não me deixavam em paz
E nem me davam paz
Vivi escondido nos meus esconderijos
E sempre a crescer sem conhecer
A querida infância perdida
Que seria tão boa
Se um dia pudesse ser pirralho
De volta para tornar a viver.
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