Sem um olhar para chamar de meu
Sem um sorriso salvador
Sem um corpo encantador
E sem uma alma refrigerada
E sem um ser acolhedor
Não vou sobreviver a essa pressão
Que não é do céu
Que não é do ar
Sem uma boca para beijar
Sem uma língua para me alimentar
Sem um som de voz divina no ouvido
E sem um coração para fazer de berço
A pressão do sem
E sem o apoio duma mão
Vou cair na primeira esquina
Vou morrer na primeira rua
Sem um amor de alicerce
Sem uma mulher na retaguarda
Com todo mundo a me criticar
Não vou aguentar essa opressão
Sem a raiz do céu
Sem o braço do mar
Resta-me agora esperar
Para ver o que pode acontecer
De novo em minha vida
Sem vida para viver
Sem ar para respirar
Não posso esperar parado
Não posso esperar sentado
Tenho que agir igual a um ladrão
Tenho que andar igual a quem foge
Até cair no chão
Até cair na poeira
Até virar poeira
Que o vento vai levar
Para ajudar a poluir o tempo
Para ajudar a contaminar a civilização
Sem nada na sacola
Sem nada no bolso
Com um sonho na mente
Para ser realizado
Estou sem tudo
Mas não vou parar
Mas não estou parado
E vou continuar
Nem que seja doente
Nem que seja demente.
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