Estou atado a um tronco de cepo
Igual a escravo preso no pelourinho
Chicoteado ligado os pés as mãos
Por correntes de argolas elos
Sou um negro amarrado
Amordaçado ferido
Não tenho atadura
Nas minhas feridas
No meu conjunto de coisas boas
Estão todas atadas pelos dominantes
Não tenho vez razão
Não tenho voz também não
Todo ato que faço
Só causa o efeito de me atar
À coisa com que ser negro
Não merece nem uma faixa de gaze
Com que se faz curativos
Nas feridas da alma
Cicatrizes do colonialismo
Sou atacável em qualquer piada
Filho de negro é macaco
Pode-se deve-se atacar o negro
Tem que cortar o rabo
Quando não faz na entrada
Faz na saída
Parem de me atacar
De acometer contra mim
Toda desgraça da ruína do mundo
Quero impugnar o racismo
Avançar contra com hostilidade
Aqueles que querem cingir meu semblante
Apertar meu pescoço
Prender meus punhos com algemas
Quero abotoar também minha camisa de seda,
Com botões de madrepérola
Atar com correia cordão
O dedo para não esquecer
O meu sangue derramado
Ao iniciar a execução duma obra histórica
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