Vivo atribulado
Não consigo serenar
Tranquilizar meu ser
Sofro atribulação diária
Sem paz sem calma
Meu teor atributivo é zero
Não há nada que indica
Um atributo ou qualidade a mim
Sou um ser que
Cada uma das propriedades
Já perdeu o símbolo
Não anuncio o sujeito gramatical
Sou o sujeito oculto indeterminado
Meu atril está velho caído
Meu móvel próprio
Para sustentar livros papéis
Está aberto sem portas destruído
Assim me sinto no átrio
No terraço elevado
À frente dum templo
Abandonado no saguão
Sozinho no pátio cercado de pórticos
É de atritar a minha dor
Provocar atrito na solidão
Contato sob pressão de dois corpos
Que se roçam um no outro
No vai vem do ranger da cama
Na fricção entre esses dois corpos
No desentendimento de lençóis fronhas
A mulher uma boa atriz
Que faz de gemidos representações
Como se fosse em teatro cinema televisão
Espetáculos em geral
A mulher tem habilidades para fingir
Finge até que está a ter orgasmos
Meu brinquedo é de armar
O da mulher é de abrir
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