Como sou imprestável e deixei meus amigos
Morrerem sem mim, não morri por meus
Amigos, não fui à morte deles, não os
Presenciei na última hora; meus bons
Companheiros que foram sem mim, onde
Estava eu, quando mais precisáveis? na
Certa estava nalguma farra, a beber com
Alguma puta, a resfolegar nas carnes
Podres dela, e meus bons companheiros à
Morte; que destino o meu, de ser ausente,
De ser omisso, um mau companheiro, um
Falso amigo, ao não morrer no lugar dos
Camaradas; que mau doador que fui, não
Doei o sangue, não doei a carne, não doei a
Vida, não doei nada a quem perdia tudo;
Perdoais, meus verdadeiros amigos,
Companheiros de jornada, camaradas de
Luta; perdoais este que ficou aqui a
Padecer, este que deveria ter ido e não foi;
De repente tão imprestável, que até a morte o
Despreza, meus colegas, esperai por mim,
O universo é vasto, e quero fazer o que há
De mais vasto, o meu coração; e quero aqui
Dentro do peito, poder depositar-vos em
Urnas de diamantes, guarda-vos em minas
De ouro, prata e platina; quero escupir-vos
Nestes blocos de mármore, que formam
As cadeias rochosas do meu pendão.
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