Não pagarei nada do que vos devo
Com letras, não vos ressarcirei com palavras; o
Pablo Picasso, que era artista, com uma
Rubrica enriquecia qualquer dono de
Estabelecimento comercial; o Salvador
Dali, com um único rabisco, deixava
Milionários donos de galerias de arte;
Juan Miró, com seus salpicos de tinta,
Com suas impressões sem impressões,
Enchia de grana os bolsos dos colecionadores;
Eram verdadeiros reis Midas, em
Tudo que pegavam, transformavam
Em ouro; devo-vos, devo a vós muito,
Se letras pagassem, ainda teria
Troco, se palavras pagassem, na certa,
Poderia gastar mais; mas minhas
Letras, minhas palavras não são mágicas,
Não são consagradas, não são santas; e
Num futuro qualquer, incerto, não
Serão relíquias negociadas a peso de
Ouro; se vivesse no tempo das
Cavernas, e fizesse esses garranchos em
Qualquer parede de gruta, na certa as
Paredes e as grutas seriam preservadas,
Seriam intocáveis devido aos
Garranchos, hoje transformados em
Escritas rupestres, e não teriam preço
Imaginável; e olho minhas paredes nas
Salas, quartos, banheiro, cozinha, e vejo
Os prisioneiros, estão todos lá, acorrentados,
E não sei como libertá-los, não sei como
Transformá-los em obras-primas, em obras de arte.
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