Não temos a capacidade de saber o que vai
Acontecer, a um segundo à nossa frente; a
Necessidade deveria fazer com que,
Adquiríssemos uma percepção, uma
Sabedoria, ou uma visão especial;
Quantas pessoas vão alegres pela vida, a
Cantar, a conversar, a sorrir, sem
Ter nem a ideia, de que, no próximo
Segundo estarão mortas, esmagadas,
Torradas, assassinadas; que falta que nos
Faz uma prenunciação, uma reminiscência,
Que nos fizessem frear na hora certa,
Desviar do perigo, e evitar o caminho
Traiçoeiro, e driblar a morte; e apesar de
Tudo, inda somos estúpidos, e fazemos
Questões de aumentar a nossa estupidez;
E somos ignorantes, e fazemos questões de
Aumentar a nossa ignorância, e aí,
O que nos resta é chorar aos nossos feridos,
E aos nossos mortos; e todo cuidado é pouco,
Mas, quem pensa em cuidados? quem quer
Estar alerta, na defensiva, a pisar em ovos?
O que queremos é o desespero, é o risco
Próprio e o alheio, a falta de cuidados e de
Considerações; o que queremos é a
Imprudência, a imoderação, o desrespeito
A tudo, e a falta de atenção; e as coisas
Tão próximas, os acontecimentos iminentes,
Urgentes, e não temos nenhum pingo de
Imaginação; nenhuma criatividade para
Evitarmos as tragédias, e as tragédias ali, debaixo
Dos nossos narizes, diante dos nossos olhos.
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