Pareço como se fosse desenvolvido No tecido de certas plantas De tão abdito larvado que sou Ao sofrer de abdominopatia Enfermidade abdominal Fiz uma abdominoscopia Um exame instrumental do abdome Uma laparoscopia completa Nada foi descoberto O abdominoscópio que Prende-se ao exame Não verificou nada O instrumento adequado O aparelho próprio Para a inspeção Não achou o que procurou O abdominoscópio no meu abdominoso Meu grande abdome de ruminante De barrigudo que sou De ventrudo por falta de moderação De pançudo por preguiça Nada de útil registrou Para acabar com o meu problema Abdominotorácico crônico Só a fazer uma abdução Retirar do tórax o coração Afastar os músculos os membros Tirar o corpo de sua linha média Usar o direito antigo que permitia Subtrair o escravo ao senhor Fazer tudo abducente Que produz o vácuo Que separa que afasta Que produz o nada Completo abdutivo Deixar só a pele O oco do abdutor
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sexta-feira, 27 de abril de 2018
Pareço como se fosse desenvolvido; BH, 02101001999. Publicado: BH, 010502012.
Preciso tomar um atalho; BH, 0180901999; Publicado: BH, 010502012.
Preciso tomar um atalho
Sair deste caminho secundário
Encurtar a distância em relação
A mim e à estrada principal
Que me levará ao seio do amor
Ao vale da luz da vida
Ao berço da felicidade
À estrutura da paz
Tenho que atalhar a guerra
Impedir bruscamente a continuidade
De algo que só faz a destruição
Da humanidade da natureza
Aprender a interromper a dor
O sofrimento a ruína
Que atormentam nossos corações
Ser uma atalaia da verdade
Sentinela do discernimento
Um vigia da inteligência a
Colocar a sabedoria em lugar alto
Na torre do pensamento
No ponto elevado da meditação
Onde o homem pode ser chamado
Sem medo de homem
A alertar a todos o risco corrido
Fazer o atalhamento do caos
O fim da infelicidade
Atafulhar os corações de amor
Encher demais a alma em demasia,
De luz pura natural
Moer em atafona a mentira
A falsidade a ilusão na azenha
Moer em moinho primitivo
Movido à mão ou por cavalgadura
Todo percalço à evolução
Todo empecilho obstáculo
Que impedem a humanidade
De cair nos braços dela mesma
Estou atado a um tronco de cepo; BH, 0180901999; Publicado: BH, 010502012.
Estou atado a um tronco de cepo
Igual a escravo preso no pelourinho
Chicoteado ligado os pés as mãos
Por correntes de argolas elos
Sou um negro amarrado
Amordaçado ferido
Não tenho atadura
Nas minhas feridas
No meu conjunto de coisas boas
Estão todas atadas pelos dominantes
Não tenho vez razão
Não tenho voz também não
Todo ato que faço
Só causa o efeito de me atar
À coisa com que ser negro
Não merece nem uma faixa de gaze
Com que se faz curativos
Nas feridas da alma
Cicatrizes do colonialismo
Sou atacável em qualquer piada
Filho de negro é macaco
Pode-se deve-se atacar o negro
Tem que cortar o rabo
Quando não faz na entrada
Faz na saída
Parem de me atacar
De acometer contra mim
Toda desgraça da ruína do mundo
Quero impugnar o racismo
Avançar contra com hostilidade
Aqueles que querem cingir meu semblante
Apertar meu pescoço
Prender meus punhos com algemas
Quero abotoar também minha camisa de seda,
Com botões de madrepérola
Atar com correia cordão
O dedo para não esquecer
O meu sangue derramado
Ao iniciar a execução duma obra histórica
Altair Magdaleno; RJ, 02901201998; Publicado: BH, 010502012.
Altair Magdaleno
Patrimônio vivo
Do IAPI da Penha
Não tem papas na língua
Não tem obrigações
É independente rebelde
Bebe cachaça todo dia
Fala que colocará fogo
No apartamento do irmão
Manda todo mundo tomar no cu
Não respeita ninguém
Diz não ter religião
Dorme o dia todo
Na mesa do bar
Se arruma um trabalho
Começa não quer terminar
É o mais velho de dez irmãos
Faz disso a coisa
Mais importante do mundo
Em um dia só
Brigou três vezes
Até apanhou
Nas três vezes que brigou
Esse é o Altair Magdaleno
Macho para chuchu
Não tem medo de ninguém
Não tem medo de nada
Come pouco fuma muito
Chama todo mundo de animal
Tudo para ele está bem
Nada lhe faz mal
Esse é o Altair Magdaleno
Um velhinho legal
Ouço o som dos tambores; BH, 0180901999; Publicado: BH, 010502012.
Ouço o som dos tambores
Atabaques de guerra ouço
Tambores alongados usados nos
Rituais religiosos dos candomblés
Ouço o som das batidas de luta
Dos corações desesperados
Dos tambores semi-esféricos
Usados na Ásia na África mãe
Para acompanhar as dança
Dos negros guerreiros
Fugitivos da escravidão
Dos atacadistas escravocratas
Negociantes traficantes
De homens de mulheres
Firma de comércio compradores de
Navios negreiros por atacado
Do vendedor de almas infelizes
Até hoje a história ainda
Precisa dum atacador
Que ataca a injustiça
O racismo a discriminação
Inda hoje o irmão
É amarrado ao cordão à
Correia para apertar o coração
Sufocar de indignação
Pela sombra da escravidão o
Que o atacante da igualdade
Fraternidade harmônia,
Não aceita é a vida em comum
De homens de todas as cores
De homens livres em paz
Em busca somente da vida,
Sobrevivência felicidade
Na construção dum futuro melhor
Um mundo preservado
Natural iluminado
Nunca faças nada; BH, 0180901999; Publicado: BH, 010502012.
Nunca faças nada
De modo grosseiro com precipitação
Não queiras atamancar
No cotidiano da vida
Sem atapetar teus caminhos
Cobris com tapetes os espinhos
Para que teus pés não sejam
Magoados na andadura
Não sofras ataques de ira
Ódio de raiva de rancor
Não sofras o ato o efeito
De atacar o semelhante
Não tenhas acesso
Dum mau orgânico
Súbito mórbido possesso
Saibas unir o útil ao agradável
A sujeitar com ligaduras
A alma a serenidade
A tranquilidade a meiguice
Não te deixes prender a dogmas
Ligar-te a tabus complexos
Submeter-te só ao amor
Venhas impedir o movimento da guerra
Prender a mentira bem longe
Atar-te com nó cego
Ao bem às coisas boas
Nunca sair atarantado
Perdido sem destino
Aturdido com sentidos perturbados
Nada de atarantar-te
Atrapalhar-te à toa
Fazer tempestade em vão
Fiques atarefado ocupes o tempo
Muita preguiça mata
Penses por tarefa costumes
Mudes de opinião se preciso for
O jogo ainda não acabou
Podes ser o vencedor
Ainda bem; RJ, 02901201998; Publicado: BH, 010502012.
Ainda bem
Que até aqui
Está tudo bem
Não estou deprimido
Não estou triste
Ansioso angustiado
Estou até a me sentir normal
Um ser humano comum
Um homem comum
A carregar os próprios problemas
Ainda bem
Que até aqui
Está tudo tranquilo
Em paz em felicidade
O demônio está acorrentado
O capeta está preso
O inferno está bem longe
O espírito de porco
Está a queimar no fogo
Só o espírito celestial
Impera no nosso meio
Espero que Deus
Não mande ao contrário
Espero que a calma
A bonança a paz
Não sejam trocada
Por moloques moleque
Das profundezas dos infernos
Obrigado meu bom Deus
Pelo menos por hoje
Que está tudo bem
Que o ambiente está bom
Quero um atarefamento; BH, 0190901999; Publicado: BH, 010502012.
Quero um atarefamento
Que me cause alegria orgulho
Muita felicidade
Preciso atarefar-me com urgência
Para afastar a preguiça
A molez o desânimo
Encarregar o meu tempo de utilidade
Sobrecarregar-me de trabalho
Acabar com a futilidade
Estou a ficar curvo
Baixo gordo a diminuir de tamanho
A ficar atarracado de
Tanto não fazer nada
Quando as pessoas me olham
Sinto apertar o nó no peito
Embaraçar-me todo de vergonha
Por me ver atarracar assim
Sem fazer nada
Sem produzir nada
Aí sinto-me todo preso
Triste infeliz
Sinto-me prender com tarraxa
Toda a minha alegria
É a hora de desatarraxar
A tampa do meu ataúde
O caixão em que se leva
O meu cadáver para enterrar
Não tenho como me sentir alegre
Não vejo como me sentir vivo
Passar mensagens aos outros
Passar boas energias
Sem querer me atassalhar
Cortar-me em tassalhos
Desacreditar abocanhar
Morder-me morder aos outros
Igual a um canibal
Mestre; BH, 0190901999; Publicado: BH, 0300402012.
Mestre
Como posso
No meu ataviamento
Compor uma sinfonia?
Não sei adornar a vida
Não sei enfeitar a alegria
Ou ataviar a felicidade
Não sei se o que herdei
É um processo atávico
Não sei se o meu jeito de ser
Foi transformado por atavismo
À semelhança com os meus antepassados
Herança de caracteres biológicos
Que impede o adorno da vida
Impede o emoldurar do riso
Da gargalhada feliz
O atavio da alma
Até hoje não entendi
O que é que expressa
Meu limite no tempo
No espaço nas ações
No amor também
Mais ainda na paz
Que não tenho
Que não vem
Atear minha satisfação
É mais difícil então
Fazer lavrar o fogo do meu coração
Estimular o meu apetite de viver
Avivar a fome de amar
Pegar o fio da esperança
Tornar-me mais intenso profundo
Orgulhar da sinfonia
Que vou compor um dia
Sei que o mestre vai dizer
Que sou muito jovem para aprender
Que o mestre criou tudo
Não perguntou nada a ninguém
Nem pediu para que o ensinassem
Hoje estou taciturno; RJ, 02901201998; Publicado: BH, 010502012.
Hoje estou taciturno
Sorumbático meditabundo
Pois a vida é cheia de incongruências
Um destino cruel
Não tenho nem ideia completa
Do que seja a vida o mundo
O destino o caminho
Coberto de espinho de sofrimento
Que temos que seguir
Ao longo da existência
Que sobrevivemos aqui
Falar em miséria fome
Pobreza infelicidade
Falar em crianças abandonadas
Abuso sexual infantil
Falar em prostituição
Em extermínio matança
Parece até demagogia
Porém é o que vemos
Ao longo do cotidiano
Por mais que clamemos
Não encontramos solução
É uma agonia um desespero
É uma ânsia uma indignação
A luta do palestino
Na busca dum torrão
O grito dos povos d'África
A guerra civil pelo mundo
A injustiça social
A relação é infinita fatal
Não sou partidário do ateísmo; BH, 0190901999; Publicado: BH, 010502012.
Não sou partidário do ateísmo
A opinião ou a doutrina
De quem não crê em Deus
Não sou ateísta nem ateu
Penso ser o poder de Deus atemorizador
Ser a força de Deus atemorizante
Causa faz sentir temor
Aprendi a atemorizar a Deus
Guardo no meu coração
Tudo que aprendi
Com a minha avó
Com a minha mãe
Porém sei que não tenho
A pretensão de ser santo
Beato devoto fanático
Nasci do pecado
Vivi no pecado
Procriei no pecado
Porém sou necessário
Se não houvesse pecador no mundo?
Aí sim é que duvidaria
Da existência de Deus
Por isso enquanto houver pecador
Vai existir Deus
Pois Deus tem que perdoar
O pecador arrependido
Deus ama é ao pecador
Não aquele que não peca
Peco pois sou da humanidade
Sou do mundo
Tenho que usufruir
De tudo que a humanidade
Criou no mundo
Vice-versa
Se todo o mundo se convertesse
Ninguém pecasse mais
Seria o caos geral
A vida perderia o sentido
Peco logo existo
Pareço estar sempre com febre; BH, 0190901999; Publicado: BH, 010502012.
Pareço estar sempre com febre
Palustre ou outras mais
Vou até usar a atebrina
A substância química
Que combate febre palustre
Atempar marcar prazo
Para que deixem
De me atenazar
Torturar-me dia e noite
Mortificar-me eternamente
Toda a atenção é pouca
A concentração da mente
Num determinado objeto
É de suma importância
Não se pode perder
A urbanidade por motivo
Duma doença qualquer
Não se pode perder a cortesia
A consideração o estudo
Com a vida a saúde
Quanto mais atencioso
Consigo próprio com as pessoas
Melhor para si
Tens que ser aquele
Que presta atenção
Que trata com mim
Bem delicado
Tens que atender
Acolher favoravelmente
Respeitar o desejo
Ouvir a ideia
Cuidar para que alguém
Também se sinta no dever
De cuidar-se
Tomar acatar estar atento
Ter em conta do coração
Se algum dia na vida; RJ, 02901201998; Publicado: BH, 010502012.
Se algum dia na vida
For chamado para ser útil
Para fazer algum benefício
Em pró da humanidade
Espero ir sem pensar
Em qualquer lugar do planeta
Mesmo que seja para não mais voltar
É duro levar uma vida
De inutilidade de inércia
Uma vida vegetativa
Vazia sem razão
Sem filosofia sem sentimento
Sem causa sem solução
Espero ter condições
Ter força esperança
Ter fé coragem
Para no dia em que for chamado
Não deixar a desejar
Nem ficar mal visto
Como se fosse um pária
Um parasita covarde
Se algum dia na vida
Alguém chegar perto de mim
A me pedir a paz
Quero ter paz para dar
Alguém me pedir amor
Quero ter amor para dar
Alguém me pedir a felicidade
Também quero ter a felicidade para dar
Para poder dividir
Com aqueles que almejam encontrar
A razão de viver
Estenda-me o teu atendimento; BH, 0190901999; Publicado: BH, 010502012.
Estenda-me o teu atendimento
Quero ser também atendível,
Merecer atenção de ser atendido
Com todo o amor da paz
Que guardas no teu coração
Venhas me atender
Sou um aluno calouro
Beato carola iniciante
Nesse ateneu rigoroso nesse
Estabelecimento de instrução secundária,
Venhas ser minha professora primária
Ensinar-me todas as lições
Não posso sofrer o atentado
Nem alienações de alienado
O delito extremo sumário
A execução dum ato criminoso,
Que é perder-te
Ter que viver eternamente
Longe da tua imagem;
Não deixes atentar contra mim
Empreender algo ilegal
Cometer o erro de te perder
Venhas me ver com atenção
Reparar a notar em mim
Preocupar-te comigo
Estou a sentir no ar
Algo atentatório perigoso
Contra o nosso amor
Permaneço atento
Sou o que tem fixa a atenção
Coração cortês ânimo aplicado
Nada atenta contra minha ternura
Tudo a favor
É a atenuação do pavor
O medo enfim atenuado
A exaltação do louvor
quinta-feira, 26 de abril de 2018
Não vou olhar; RJ, 02901201998; Publicado: BH, 010502012.
Não vou olhar
Vou deixar a curiosidade
Vir me à tona
Não vou olhar
Sou um cego
Não tenho bengala
Não tenho cão de guia
Não preciso ver
Não quero enxergar
Seja lá quem for
Por mais que queira
Chamar-me a atenção
Não sairei do meu lugar
Não quererei saber
Por mais que esteja para morrer
De curiosidade por saber
Quem é que está lá fora
Quem é que bate no portão
Quem é que arrasta o pé na calçada
Anda a bater os calcanhares
A falar alto a gritar
Aos quatro cantos do mundo
A atrapalhar minha masturbação
Minha única fonte de prazer
De lazer de vibração
Não vou olhar
Não quero ver lá no fundo
Meus espermas morrerem afogados
Na água suja do vaso imundo
Sofreu o efeito sei; BH, 0190901999; Publicado: BH, 010502012.
Sofreu o efeito sei
Tentou ser atenuador
Não houve jeito
Foi o que atenua
Que suaviza a circunstância
Foi até demais atenuante
Mas já era tarde
A tentativa era atenuar
Tornar tênue na penumbra
Sutil no tratamento
Para minorar o ódio
Diminuir a raiva
Fazer menos forte o rancor
Do rosto aterrado
Da face aterrorizada
Posto por terra de desespero
Preso em terreno alagadiço
Que foi coberto por terra seca
Não ficou firme
Ficou movediço
Aterrador o olhar
Até me causou terror
Aterragem do meu caixão
Cobriu com terra
Encheu a sepultura
Estava vivo ainda?
Não me lembro
Deitar por derrubar
Descer do espaço ao universo
Aterrar até aterrorizar a morte
Sei o que foi sofreu o efeito
Já estive em situação parecida
Pesadelo ou sonho
Não me lembro ter acordado
Estava vivo ainda?
Estou atijolado entendeste; BH, 0190901999; Publicado: BH, 010502012.
Estou atijolado entendeste,
Semelhante a tijolo,
Revestido de tijolo queimado;
Tenho uma parede dentro de mim,
Não adianta me atiçar,
Que não pego fogo;
Não adianta avivar minha brasa,
Excitar-me e instigar-me a viver;
É perder tempo,
Com o meu atiçamento;
Nada tenho de atiçador,
Meu carvão molhou,
A pilha descarregou;
Estou em estado aterrorizador,
Tudo me causa terror;
Sinto-me aterrorizante,
Tudo quer me aterrorizar;
E nem sou ateu,
O que não crê em Deus
E até creio em Deus;
E não sei porque,
Tenho que me sentir assim;
Não tenho um aterro,
Uma porção de terra firme,
Para aterrar o meu pranto,
Aterrizar a minha dor;
O que resta em mim,
É confirmar como testemunha,
Demonstrar que estou morto,
Testemunha na cova, a
Abarrotar o rosto de lágrimas, a
Atestar no cartório,
O atestado de óbito,
Documento através do qual,
Vagarei no vácuo final,
Onde vou ater-me agora.
Alguém se movimenta lá fora; RJ, 02901201998; Publicado: BH, 010502012.
Alguém se movimenta lá fora
Aguça a minha curiosidade
Não chego a me levantar
Não chego nem à janela
Quem será?
A dúvida persiste em meu ser
Em meu peito sei quem bate
Quem debate rebate
Feito peixe fora d'água
Em meu peito reconheço
As batidas resistentes
Do meu velho coração
Coração coberto de colesterol
Onde à conta gotas
Pinga por veias
Obstruídas de gorduras
Um sangue venoso ávido
Para ser purificado
Transformado em arterial
Igual leite pasteurizado
Lá fora o movimento continua
Parece movimento de enterro à tarde
Continuo deitado
Sem saber onde estou
Só verifico depois que estou em meu quarto
A janela está fechada
Pensei que estivesse aberta
Pensei que alguém
Poderia entrar por ela
Para roubar meu coração
Coração em movimento pendular
Da calçada permaneci a observar
A subida do espírito para o além
Não tenho alguém atestante: BH, 0190901999; Publicado: BH, 010502012.
Não tenho alguém atestante
Para me arrimar agora
Na hora que mais preciso
Não tenho em que basear
Na hora de me defender
Nem sei quem vai aderir
Ao meu depoimento final
Todos só querem me atijolar
Ladrilhar-me com tijolos
Todo o meu universo
Sei que não sou atilado
Não sou inteligente
Nem sagaz nem fino
Sei que não sou elegante
Mas não posso ser assim
Crucificado enterrado vivo
Em cova rasa ignorada
Um dia posso atilar-me
Tornar-me aperfeiçoado
A coisa pode mudar
Hoje me encontro aqui
Um atilho humano
Qualquer coisa me ata
Um cordão de sapato me mata
Num átimo porém
Pode amanhecer o dia
Num instante talvez
Tudo pode mudar
De repente quem sabe
Chega a minha vez de chegar
Então vou atinar
Acertar na mosca
Descobrir tudo pelo tino
Notar a diferença
Compreender enfim a razão
À toa sou um homem à toa; BH, 0190901999; Publicado: BH, 010502012.
Á toa e sou um homem à toa
Todo o meu ato é irrefletido
Todo o meu feito ação sem utilidades
Sou muito fácil de atingir
Frívolo de resultado de
Declaração sem atinência de
Qualidade de respeito referência
Não tenho divisão de etapa
Igual a uma obra cênica
Organizada geralmente separada
Das demais por um intervalo
Não sou atinente tudo que atinge
Alcança-me no caminho
Chega ao meu destino
Ao perceber que sou
Um peixe fora d'água no anzol
De alma atingível
Espírito atochado
Garganta apertada
Pensamento introduzido à força
Na cabeça lotada
Sinto atochar meu ser
Encher o máximo de dor
A fazer o sofrimento
Cingir meu semblante
Fico escondido a atocaiar
A esperar de tocaia a felicidade
O amor a paz
Que tanta falta me faz
Lamento meu pranto
Não sou ousado nem sei tentar
Atrevido quem me dera atrever
Petulante é a pétala
Não sou o que não sou nem o
Caule do ramalhete atirado
Mas para fora
Estou a ouvir uma voz; RJ, 02901201998; Publicado: BH, 010502012.
Estou a ouvir uma voz
Um sussurro de alguém
Que não consigo identificar
De quem seja
Não é do meu mundo
Não é do meu meio
Não pertence ao meu ouvido
Continuo apenas a sentir
O solfejar de leve
Feito brisa nas folhas
Feito o vento no ar
Uma melodia sem notas
Um som sem escalas
Uma canção sem letras
Sou até meio surdo
Penso que me enganei
É um passarinho a cantar
Uma borboleta a voar,
Uma formiga a andar
Um cachorro a latir
Uma galinha a ciscar
Em um fim de tarde
Num fundo dum quintal
Às sombras das árvores
No frescor do matagal
A vida me confunde
A morte me surpreende
Fico perplexo triste
Tudo acaba de repente
Nada se repete na natureza
Quando o peito se move
No impacto da respiração
Quando era menino malino; RJ, 0190901999; Publicado: BH, 010502012.
Quando era menino malino
Tinha a minha atiradeira de
Forquilha de pau com tiras
De borracha ou elástico presas
Nas pontas para atirar pedras
Pelotas esferas bolas de gude
Sei que moleque moloque já matei
Muitos passarinhos com baladeira
Meu estilingue de menino
Hoje sou a vítima do atirador
A presa do que só sabe atirar
Lançar com ímpeto aos outros
Nas sarjetas da vida na bacia
Arremessar as almas alheias
Nas profundezas do inferno
Disparar com arma de fogo
No coração do nosso peito
Quando era malino menino
Tinha atitude de moloque moleque
Brigava que apanhava,
Pegava o estilingue
Tentava ir à forra
Meu corpo tinha outra maneira
De se portar de se proceder
Tinha um propósito
Hoje estou é atolado
Metido em atoleiro endividado
Atoladiço atoleimado
Vou voltar à forma de menino
Sair deste atoladouro
Para não me atolar mais nem
Ficar embaraçado ou um tanto tolo
A meter-me em situação difícil
Quando era menino
Não era atoleimado
Estou desempregado; BH, 0190901999; Publicado: BH, 010502012.
Estou desempregado
Não tenho atividade
Nem a qualidade de ativo
O que é pior vergonhoso
É que ainda sou preguiçoso
Nada que é da ativa
Pode ser comigo
Nem a voz dos verbos
Serviço militar de caserna
Não tenho ativação
Não sou ativante
Vivo só na cama pedante
Só quero é descobrir
O que pode me ativar
Fazer com que fique esperto
Inteligente astuto finório ladino
Aumentar a ação ativista
Mesmo a de militante político
Pois não sou o que age
Que produz sem demora o seu efeito
Não sou próprio para agir diligente
Enérgico igual a um chefe
O verbo que denota a ação
No sentido gramatical o
Total do haver duma pessoa
Ou empresa que virou passiva
É o que sei fazer
Estou desempregado
É só o que estou
O regime neoliberal
Quer-me atomizar
Pulverizar-me com líquido
Como o atomizador
Reduzir-me a partículas
Mais pequenas do que já sou
Reduzir-me a átomos
Acabar comigo
Varrer-me do mapa
Para a lata de lixo
Sou apenas um ser besta; RJ, 02901201998; Publicado: BH, 010502012.
Sou apenas um ser besta
A querer apenas ser
Um besta dum poeta
Se apenas fosse
Um ser que procurasse
A poesia arte
A arte do poema
A arte da genialidade
A arte da inteligência
Valeria até a pena
Quem é que quer saber hoje
Das besteiras dum poeta?
Quem se interessa
Pelo vômito visceral
Das poesias poemas
Sem arte na formação?
Sem um fluxo de sangue
Nas veias do coração?
Só me resta passar fome
Viver de esmolas migalhas
Viver de sobras restos
Ser um mendigo cotidiano
A implorar pelo pão de cada dia
O maná hoje não cai mais do céu
Do céu hoje só chuva neve
Meteoritos pedaços de satélites artificiais
O ateniense; BH, 0190901999; Publicado: BH, 010502012.
O ateniense
Referente de Atenas
A capital da Grécia
O natural ou habitante de Atenas
Paris que roubou Helena
Desencadeou a guerra
A guerra do Cavalo de Troia
Presente que os gregos deram
Aos troianos se não me engano
Se estiver errado queiram corrigir
Não sei bem onde chegar
Nem onde quero ir
Quero só é fugir
Pelo oceano Atlântico
A procurar Atlântida
Referente continente hipotético
Que se supõe tenha existido
Na região ora ocupada
Pelo oceano Atlântico
Nem no atlas que encontrei
Na coleção de mapas
Não achei
Nem sei onde fica
A primeira vértebra cervical
Da minha anatomia
Sou um atleta vencido
Competidor derrotado
Demolidor demolido
Em corridas saltos
Pugilismo lutas
Praticante de esporte perdedor
Nada tenho de atlético
Só a barriga forte
Grande vigorosa
Que demonstra que
Não sou próprio do atletismo
Só do halterocopismo
Conjunto de provas de exercícios
De levantamento de copos
Arremessos de tira-gostos
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