Por mais que queira
Por mais que pense
Que querer é poder
Nunca vou poder
Querer nada
Nunca vou poder
Poder nada
Por mais que queira
Acreditar em mim
Confiar em mim,
A cofiar o bigode
Só me iludo
Só me engano
Tudo mais
Nunca vou poder ser nada
Nunca vou querer ser nada
O que acontece comigo
Não sei explicar
Ninguém sabe explicar
Nada acontece comigo
Sou um cadáver
Sou um defunto
Sou um finado
Sentenciado fraseado
Um corpo sem alma
Nunca vou querer
Ter uma sepultura
Nunca vou poder
Ter uma campa
Não tenho nome
Não tenho sobrenome
Não nasci
Nem sou gente
Nunca vou poder existir
Nunca vou querer existir
Não sou filósofo
Não sou pensador
Nem sou poeta
Sou uma porca
Sou um parafuso
Sou uma porta
Sou uma chave de fenda
Sou um alicate
Nunca vou poder ser o que sou
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