Sinto que estou feito bagaço moído
Reduzido à extrema penúria moral
Abagaçado sem caráter
Senti o espírito moer
O que restava do meu ser
Senti a mente triturar
Decair moralmente minha estrutura
Abagaçar-me perante a sociedade
Estou sujo desmoralizado
Abagaceirado pela burguesia
Desmazelado pela elite
Desmandado pelo governo
Sedimentado pelo tempo
Diminuído sem perspectiva
Abaixado nos propósitos
Basta de cada semelhante
Querer me abagaceirar
Quero respirar em paz
Sair do mata-leão
Pois estou abagado
Qual esterco de boi
Sinto-me um líquido
Após o envasilhamento
Um perdido no vento
Um fantasma que foge
Em noite de lua cheia
Aquela dor de cabeça
Que remédio nenhum cura
Que se acaba de descobrir
Que é um tumor maligno
A vida se esvai
Feito o sopro numa pétala
O piscar duma pálpebra
Reverberação duma molécula de ar
Na grandeza do vácuo
Sinto no apagar da minha alegria
O apagar da minha vida
Um choro que vem dos recantos das sombras
A diminuir meu sorriso é inútil fingir
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