Quem compreende um coração
Igual ao meu?
Se pudesse arrancá-lo do meu peito
O depositária a teus pés
Faria um transplante
Lançaria em ti
Este coração em frangalhos
Compreenderias um gesto meu
Compreenderias um olhar?
Um suspiro dum louco?
Um toque dum mestre?
Talvez penso que não
Um poeta ninguém compreende
Precisa de sofrimento
Para poder resistir
Precisa ir ao nada
Para nascer de novo
Voltar à tona
Sobreviver às todas as cargas
Que caem sobre o fado
Precisa passar por isso tudo
Sem pensar duas vezes
Descarregar tudo que está preso
Em cima da mesa
Não deixar nada no peito
Nem um eco duma batida
Dum coração ignorado
Desprezível desprezado
Quem compreende um coração
Igual a este
Que quero arrancar do meu peito?
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