De que somos formados
Ou inda estamos em modelagem
Em massa para ser colocada na forma?
Já somos completos
Ou falta alguma coisa a nos completar?
A peça final já foi fabricada no torno pelo torneiro?
Ou continuaremos sem essa peça de engrenagem?
Essa peça que nos levará à modernidade
À vida avançada
Ao mundo evoluído
Será que já foi moldada?
É a parte do nosso quebra-cabeça
Do nosso lego
Do jogo que teremos que vencer
Falta-nos um calço para deixarmos de capengar
Somos todos aleijados por dentro
Falta-nos uma muleta
Uma bengala
Um andador
Uma prótese para disfarçar nosso aleijão
Mancamos indisfarçavelmente coxos
Pernetas manetas até ceguetas
Alguém precisa fazer uma réplica
Dum barro mais nobre
Duma argila mais depurada
Chamar aí um mestre Vitalino
Desses que fazem bonecos
Um artista para criar um novo tipo de criatura
Mais parecida com um ser humano
Mais integralizada com a humanidade
Só assim saberemos de que somos feitos
Deixaremos de ser aleijados
Saberemos aonde ir donde vimos
Conheceremos nosso destino
O que somos o não sabemos o que somos
Poderão ser então desintegrados
Pulverizados nem as cinzas serão aproveitadas
Para adubar as terras infrutíferas
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