quarta-feira, 2 de abril de 2014

Estou sentado à mesa a esperar; BH, 0401202013; Publicado BH, 020402014.

Estou sentado à mesa a esperar,
Sentado à espera do nada
Nada mais espero à esta altura
Nos últimos dias
O que tenho feito
É ficar aqui sentado à mesa
Como um pensador aprisionado
A esperar o fim dos tempos
A esperar o fim dos pensamentos
O fim das ideologias,
Dos acontecimentos
Do capitalismo do mercado
Das religiões
Pensador entorpecido
Inchado de margarina
Açúcar gorduras
Agrotóxicos congelados
Cadáveres de todos os tipos
Enlatados embutidos
Venenos de todas as origens
Lixo mais lixo em todo tipo de mídia
Onde se perde o sentido da vida
Perde-se o sentido dos sentidos
Refém anestesiado
Os poetas diziam que o tempo estava do nosso lado
Que o tempo não parava
Que o tempo era o senhor da razão
Agora abro os olhos
O tempo não está ao meu lado
O tempo passou a mil
A me deixou para atrás
Não espero mais razão em nada
O que move o tempo é a desrazão
É o desassossego
O desespero a agonia
A angústia das velhas doenças
Das nossas antigas depressões complexos
Estou mesmo sentado à mesa a esperar?

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