domingo, 13 de abril de 2014

Não confieis em tudo que escrevo; BH, 0501002013; Publicado: BH, 0130402014.

Não confieis em tudo que escrevo
Para tamanha empreitada
Tereis que ser mais loucos do que sou
Louco a tal ponto assim
Penso que ainda não nasceu
Talvez nem noutra vida
Ou noutra encarnação,
Ou noutra geração
Encontrareis ser tão louco quanto sou
O universo é dos loucos
O infinito é dos loucos
O eterno da eternidade
A posteridade todas as idades são dos loucos
Como os loucos são poucos
Sou todos os loucos
Os hospícios onde fico preso
São os do firmamento
As grades do azul do céu
Não prego evangelho a nenhuma criatura
Não indico filosofia a nenhum indivíduo
Não passo doutrina a nenhum doutor
Ou conduta a condutor
Ou dogma a algum senhor dogmático
Nada
Só o bem da loucura que convém a quem a tem
Quem não tem fuma um baseado
Cheira uma cocaína pura
Bebe um copo cheio duma boa pinga forte
Beija a boca mais gostosa da mulher mais gostosa
Pula da mais alta montanha
No fundo do mais encapelado mar
Oh atribulado coração
Oh hora solene de amor
Oh paz de olhar de cego
Oh madrugada sem um bar
Aqui a coçar-me
A entediar-me
Oh alguma coisa que não sei o que me falta

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