Mestre mestre
Sim meu jovem ancião?
Podes ler este poema que acabei de escrever?
É um poema que sonhei que escrevia
Quando acordei
Vi que um pesadelo vivia
Não um sonho
Maravilhado meu jovem ancião
Lerei o poema
Com a maior atenção
Com o maior afinco
Esmera dedicação
Sabes que gosto de ler poemas
Odes outros fados
Na certa o teu poema
Será mais um agrado
Então mestre
O que me dizes do poema
Que dei-te para ler?
Viste algum lirismo?
Sentiste alguma verve?
Sentiste alguma alma da poesia?
Percebeste o néctar da musa inspiradora?
Meu jovem ancião
Não turves o teu coração
Se o que me deste para ler é poesia
Mestre não sou não
Nem teu irmão
Não embaraces as vistas
Não magoes o peito
Se o que me deste para ler é poema
De mestre não levo jeito
Mas inda és um jovem ancião
Não um velho ancião
Antes da tua morte
Uma obra-prima pousará em tua mão
Uma obra de arte poderá surgir
Da tua inspiração
Num último desejo
Até me darás completa razão
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