sexta-feira, 18 de abril de 2014

Metáforas não as escrevo pois não as sei; BH, 0250902013; Publicado: BH, 0180402014.

Metáforas não as escrevo pois não as sei
Pablo Neruda sabia tantas que até as ensinava
Não sei usar as metáforas aqueles
Discursos das academias aquelas
Linguagens rebuscadas aqueles
Vernáculos valorizados nada não
Uso nada disso não tenho cátedra
Escrevo como fala o caipira o
Matuto da roça só não penso
Igual ao que sabe pensar
Raciocinar muito bem ninguém
Consegue enrolar um caipira na
Ponta da língua dele não parece
Mas moram várias respostas uma
Cuspida de lado o matuto dá uma
Tirada que acaba por derrubar
Quem queria derrubá-lo espirituoso
Esse povo da roça é de muita
Admiração da minha parte pela
Sabedoria pela filosofia desses
Filósofos sem academias sabem
De tudo de sol chuva terra ar
Fogo água lua estrelas raízes
Sementes folhas flores árvores
Paus madeiras pedras picos
Caminhos atalhos sendas veredas
Esses pensadores livres sem
Papas na língua amigos dos bichos
Dos pássaros das aves das
Borboletas, dos passarinhos, dos
Lagartos, calangos, besouros e as
Garças que moram perto dos
Casebres deles é só para
Enfeitá-los as garças majestosas
Veem nos casebres os palácios
Para onde são levadas às forças
Pelos ricaços que visitam as terras
Dos caipiras as terras das
Garças imperiais verdadeiras graças

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