terça-feira, 8 de abril de 2014

Quem falam são as letras; BH, 01702402501002013; Publicado: BH, 080402014.

Quem falam são as letras
As letras são falantes
As palavras
As responsabilidades de falar são delas
As linguagens que nascem
Não são mais ditas com a boca
São malditas
Não nasceram para expressar sentimentos
Bem-aventurados sejam os mudos
Os surdos os cegos
São deles que o universo necessita
Os loucos que bebem
Fingem-se de lúcidos
Para não se descobrir que saloucos
São os que tiram  o universo do eixo
Preocupam a regência
São os que invertem as órbitas dos planetas
Semeiam o caos nos núcleos atômicos
Esses não falam o que fazem
Não ditam normas
Não ditam leis
Fazem desmandamentos dos dez mandamentos
Da lucidez loucura
Da sobriedade embriaguez
Da razão desrazão
Quem falam são os ecos
Ao repetir as vozes dos penhascos
Ao partir as reverberações dos precipícios
Ao quebrar os gritos dos despenhadeiros
Quem fala aí
Perguntava a minha avó
A contar histórias de fantasmas
De assombrações fantásticas
Histórias de bruxas que colavam cachorros
De magos que encantavam reis
São essas coisas que falam
Esses seres que suam nas pedras quando faz calor
Soam para a lua em noites de luar

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