Tudo que não era meu perdi
Já que a propriedade é um roubo
Tudo que tinha era roubado
Tudo que tinha não era meu
Agora que não tenho nada
Nem peso na consciência
Passo os dias a garimpar letras no infinito
A lavrar palavras no universo
Para encher folhas mais folhas em manuscritos
Não pretendo mais ser proprietário de nada
Já sou dono de muitas peles pergaminhos
Muitos ossos pegadas
Sou dono de muitas ondas mentais
Energias cerebrais que levam-me em visita
À minha coleção de planetas
Cometas quasares estrelas
São bens que são meus
Que não são roubados
Os chineses vão fazer uma base na lua
Agora?
A lua será chinesa?
Os chineses vão roubar a lua?
Terei que parar de fazer poemas à lua?
Quando fizer uma poesia à lua
Terei que pedir permissão aos chineses?
Não queria que a lua fosse de ninguém em particular
Queria que a lua continuasse a ser dos
Poetas bêbados das madrugadas
Dos enamorados apaixonados
Dos seresteiros seus violões
Dos chorões suas violas
Será que terei que ir lá na lua
Colocar uma placa?
Esta lua já tem dono
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