Na minha vida
Só soube alombar
Ficar alombado
De papo para o ar
Nunca quis saber de nada
Nunca soube o que querer
Sempre preguiçoso
Indolente e sonolento
Nunca despertei para a vida
E o meu alombamento é eterno
Parece que nunca passará
Tornei-me curvo como o lombo
Até arquear as costas
Fiquei corcunda
Diferente da lombada do livro
Enlombei as costas
Endorsei a coluna
Sofri uma alomorfia
Com a minha preguiça
Numa mudança de forma
Numa metamorfose deselegante
Com o passar do tempo
Murchei o peito
Encurvei as costas
E cresci a barriga
Igual mulher grávida
E isto só traz o alongamento
Do meu padecimento
E só traz o efeito de alongar
A minha dor
E tornar longa e mais longa
A minha infelicidade
Prolongar meus lamentos
Estender meu choro
Afastar de mim a alegria
Demorar a receber
A graça da verdade
E só a olhar ao longe
O tempo perdido
A velhice a chegar.
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