Hoje numa obra da Light
Morreu um operário e
Foi destampar um bueiro
Para poder trabalhar e
Quando removeu a tampa
Foi colhido pela descarga
Elétrica que estava armazenada
Dentro da caixa do bueiro e
Morreu na hora eletrocutado
Passava por perto na hora e
Vi o que aconteceu ao infeliz
Do pobre operário no fundo
Morto e sozinho igual rato
De esgoto dentro da água suja
E fiquei a pensar deve ser um
Operário comum com mulher
E filhos e de ordenado miserável
E que trabalhava para enriquecer
Sempre mais e mais os miseráveis
De seus patrões que são miseráveis
Iguais a todos os patrões que se
Podem chupam até a última gota
De sangue dos pobres empregados
Mas hoje num lar comum
Uma mulher ficou viúva
Crianças ficaram órfãs
E mutas gentes vão chorar
Hoje numa obra da Light
Morreu um operário eletrocutado
E a Light não deve nem ter
Tomado conhecimento de tal fato
Que para a Light pode até ter
Sido um boato e fará o impossível
Para pagar o menos possível
Das indenizações e das pensões
Pela morte do seu operário
Pela morte do homem pai
Pela morte do homem marido
Pela morte do homem filho
Hoje numa obra da Light
Morreu um operário
Deu a sua vida
Pelo seu trabalho
Deu a própria vida
Para restabelecer a luz
Deu a sua própria vida
Pelo conforto do seu patrão
E sua recompensa
Foi a morte bruta
E esse sim
Era um brasileiro de verdade.
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