Mulher da vida
Não tem vida
Não tem amor
E nem tem paz
Vive morta
E desesperadamente
A se apodrecer
A se consumir
A alimentar seu corpo
De doenças e vermes
A alimentar a sua alma
De ódio e rancor e ira
Mulher da vida
Não tem calor
Não tem um sol
E nem tem luz
Anda cega
Na escuridão
Cobre com aço
Seu coração de cobre
E enche sua boca
De palavras ásperas
Povoa seu útero
De seres inertes
De seres frágeis
E sem almas
Mulher da vida
Na podridão da noite
Sua carne não dorme
Seu corpo não descansa
Mas sua alma morre
Mulher da vida
Não tem espírito
Não tem pensamento
E nem tem sentimentos
Não tem um ser
E pensa em ser
Uma mulher
Uma mulher da vida
Que dá a vida
Por um valor qualquer
E que perde a vida
A se perde viva
Ao correr louca
Na sarjeta escura
Da vida morta.
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