Pulei da eternidade
Com um salto rouco
E me espatifei no espelho
E virei mil imagens
Cheguei na beirada do espaço
E falei para a morte
Que queria me suicidar
E a morte falou
Que não era com ela
Que procurasse outra
Pois estava de folga
Fiquei com raiva
Dei um tapa
Na face da lua
Que não tinha nada
A ver com a história
A lua se inclinou de dor
E escorreguei então
Caí nas pálpebras
Dum olho d'água
E me apaixonei
Pela menina dos meus olhos
Num cristalino raio de sol
Procurei algo para dizer
Perdi a língua no salto
E nenhuma frase encontrei
Revirei a cabeça
Revirei pensamentos
Nenhuma mensagem
Nenhuma declaração
Que falta de ideias
Que falta de criação
De tanto pensar
A cabeça estourou
Passei a mão pela testa
O suor descia frio de congelado
Peguei uns gelos para colocar
No meu corpo de uísque
Dei um gole do tamanho do mundo
Caí para trás num segundo
Levei uma vida para poder levantar
E a pensar bem
Não vale a pena suicidar
Dei uma gargalhada
Que me deixou surdo
Olhei em volta
O mundo todo batia palmas
E não sabia porque
Ninguém sabia porque
E não sabia para quem
Ninguém sabia para quem
O mundo todo batia palmas
E eu batia também.
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