Um telhado sobre o mundo
Uma peneira para tampar o sol
Quero uma escada para subir
E me jogar no espaço e cair
Sobre o telhado e arrebentar o
Telhado e cair em cima duma
Mesa na hora do jantar e
Comam minhas carnes com as
Mãos e não precisam lavar as
Mãos e minhas carnes também
Estão sujas e peguem os
Pássaros e soltem os pássaros
E peguem os homens e acabem
Com os homens e enquadrem
No esquadro o espaço sem
Compasso e atira uma tira de
Pano qualquer no meio do
Lodo do lago e deixa a boiar o
Cadáver do monstro do lago
Podre e sem telhado e peneira
Velha sem furos e que não
Serve nem para catar arroz e
Nem feijão e nem café e só um
Bom telhado resiste a este
Mundo fetal mergulhado na
Placenta dum útero podre de
Feto sem cordão umbilical e
Formado sem forma e sem
Parte e sem matéria e molécula
Alterada e incerta e molécula
Ambulante de bactéria homem
Sem destino de homem serpente
Venenosa no telhado sobre o
Mundo na peneira para tampar
O sol inclemente na carne viva.
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