É triste ser um pobre coitado
Um vagabundo João Ninguém
É triste ser sem poder ser e
Lutar até à morte e entregar
A última gota de sangue e
Pisar na última gota de suor
Até o corpo secar e o espírito
Apodrecer e é triste minha
Gente e como é triste o
Analfabeto sem pai e sem
Mãe e o ignorante de
Natureza e é mal de
Família e a culpa não é
Minha e não fui eu
Quem quis nascer e não
Sei se nasci e cheguei
Aqui nem sei como e
Um esperma e um óvulo
E um monte de carne
Podre e um espírito
Maligno a comer terra
E poeira feito uma
Cobra e feito uma
Víbora e é triste ser
Sem ter culpa e com
Culpas nas costas
Que não são minhas
E sem desculpas e sem
Alma e sem amor e
Sem hoje e sem amanhã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário