terça-feira, 25 de agosto de 2020

"Originais", RJ/1980, E passou a rebolar a bunda; Publicado: BH, 0250802020.

E passou a rebolar a bunda

Toda cheia de si e empertigou

O pescoço e levantou a cabeça

A me ignorar por completo e

Seguiu adiante a rebolar ainda

Aquelas nádegas divinais e 

Passou igual a um carro de 

Corrida e tal a um rolo 

Compressor ou um avião a 

Jato e parecia que ia à

Velocidade da luz e nem sequer

Olhou para os lados e só si

Empinou toda como uma égua

Enfurecida em desfile de 

Concurso e saiu a saltitar bem

Fogosa com aquelas ancas de

Mula e fugiu do meu olhar e

Fugiu do meu pensamento e 

Não deu nem para notar a blusa

Entreaberta e o declínio dos

Seios reais de tecidos celestiais

E esculpidos sob medidas e 

Passou mesmo a tirar faíscas

De fogo da calçada e levou 

Consigo e para bem longe

Aquele corpo sedutor e cheio

De vida e desejo e volúpia e

Prazer e que parece querer

Saltar de dentro das roupas

Para correr atrás do amor e

Do gozo do orgasmo e já

Passou e já virou a esquina

A mais de cem por hora e 

Agora só amanhã vou ver a

Sombra dela passar a voar

Assim e a levar não sei para

Aonde tudo que existe em mim.

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