segunda-feira, 10 de agosto de 2020

"Poemas Trágicos", De que vale me confessar; Publicado: BH, 0100802020.

 De que vale me confessar

E me perdoar em cada poesia

E me flagelar em cada poema

Se depois saio por aí

A fazer o mal

E a ser mau

E de que vale falar de amor

E falar de paz

E de caridade

E de bondade

Em meus poemas

Se depois saio pela cidade

A fazer o ódio

A ser preconceituoso

A ser intolerante

E raivoso em demasia

E de que vale se não vale

E de que adianta se não adianta

Tenho que aceitar o que sou

Ou uma coisa ou outra

Não posso ser as duas coisas

Ao mesmo tempo

Ou certo ou errado

Ou bom ou mau

Ou o bem ou o mal

De que vale

Não vale a pena

Não vale uma pena

A pena pesou

Se depois vou perder

O meu valor

Ou vivo ou morto.

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