quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

O universo não sabe que estou a olhá-lo; BH, 0280202008; Publicado: BH, 0150802010.

O universo não sabe que estou a olhá-lo 
Através dum buraquinho não sabe mas 
Estou a espreitá-lo observo-o através do 
Prisma duma gotinha d'água uma fenda 
Numa rocha uma fresta ou o vai o vem das 
Ondas do mar é a palha que o vento
Dispersa no terreiro o cisco no quintal a galinha  a
Ciscá-lo o cachorro ao latir o gato ao miar
Olho o universo com olhos dignos de artista o 
Universo é a própria arte uma cortina na janela
Uma porta cerrada a chaminé o risco que a 
Borboleta deixa ao voar a trilha das formigas em 
Direção ao formigueiro a guerra entre elas os cupins
Para ver quem é que devora quem o besouro que cai
Do voo de costas pernas para cima não consegue mais
Se levantar é preciso ajudá-lo a tornar a voar
Nem agradece o universo é assim nós que 
Devemos agradecê-lo por existirmos fazermos parte da 
Existência dele estou a olhar o universo através do furo no
Fundo da agulha todo ele passa por ali as tempestades
Que o modificam as ventanias que formam dunas os
Raios os trovões maremotos terremotos a Aurora Boreal
Observo fixamente lucidamente como se fosse o meu
Último dia de vida todo dia talvez seja não sei
Se um dia pudesse viver gostaria de viver não do
Universo mas pelo universo da mesma forma que
Não gostaria de viver da arte mas pela arte não
Mentir mais ser justo não ser mais falso nem
O pai da falsidade só portador da verdade o
Universo é bom pois nos faz expandir nos faz
Crescer cada dia nos faz evoluir prolongar a nossa 
Existência desde que saibamos também vivê-lo
Temos que navegá-lo estar em cada planeta astro
Cometa enfim visitar todo o cosmo peça por peça
Como se fosse as flores dum jardim os frutos  
Dum pomar uma mulher que a gente desejasse amar
Um filho que a gente quer ter a criança para acariciar
Beijar quando morrer de novo desta vez quero 
Ser pulverizado para que minhas partículas moléculas
Meus átomos estejam sempre em sintonia com a
Sinfonia universal assim em cada recanto tenha um
Vestígio de mim no sereno no orvalho na brisa no
Caule do jasmim na grama nos confins nos ventos 
Solares nos brilhos estelares nas forças interplanetárias
Galáxias mundos lá aonde o pensamento não vai mais
Morada de entes sobrenaturais seres angelicais  

Nenhum comentário:

Postar um comentário