sábado, 15 de dezembro de 2018

Os indiferentes; BH, 0270702001; Publicado: BH, 0310802010

Conversar o que com quem não
Olha para o céu? falar de que com
Quem não acompanha com o olhar
O voo solitário dum urubu nas
Alturas do firmamento azul? dialogar
O que com quem não sabe cheirar
O ar sentir o vento abrir o nariz
À brisa o rosto ao orvalho o corpo
Ao sereno? conversar o que com
Quem não sabe olhar uma árvore
Perceber o beija-flor a catar grãos de
Terra nem observar as evoluções
Das andorinhas? como conviver no
Meio dos indiferentes ainda mais
Quando acham que são diferentes
Emudeço então aos indiferentes
Sempre fico surdo às suas vozes
Cego aos seus olhares não converso
Com esses mudos com esses surdos
Nem com a linguagem de sinais
Nem escrevo em braile a esses cegos
Que não têm as retinas perfuradas
Têm as mãos decepadas
Conversar o que com quem ignora
A inteligência atropela com a
Estupidez a sabedoria escarnece
Da razão da virtude? apresenta
Coragem esconde a covardia prega
A verdade fala a mentira com
A injustiça faz apologia à justiça
Passa impunemente com uma
Vistosa gaiola na mão dentro
Um triste passarinho

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