Gostaria de escrever uma obra desprovida
De frio na barriga diarreia de disfunções
Urinária erétil gostaria de escrever uma
Obra nua crua despida de sentidos de
Sentimentos irracional sem paixões porém
Sou mortal protótipo de homem instável
Flexível procuro letras para formar palavras
Não as tenho procuro palavras para formar
Pensamentos não as tenho procuro
Pensamentos o que encontro é só uma
Cabeça vazia um cérebro inato um crânio
Fraturado sim é o que gostaria uma obra
Cognoscível donde surgiria um homem livre
Moderno autônomo independente excelso
Mas busco com os olhos perscruto volto ao
Nada a caneta dá voltas no papel forma
Espirais redemoinhos tornados furacões
As letras caem saltitam fogem as
Palavras ficam mudas não cantam canções
Passam sem melodias arquiteturas ou
Engenhos as frases não vêm as sentenças
Morrem os períodos são efêmeros quiméricos
Faltos de conteúdo elucubrações superiores
Ficam as coisas rasteiras as baixarias a
Falta de moderação vejo que tardiamente
Escreverei algo de útil para a humanidade
Morrerei ninguém sentirá falta pois não
Acrescentarei à história à ciência ou à cultura
Qualquer evidência de minha inteligência em
Cima de minha cabeça trovões se impõem cada
Um quer registrar estrondo mais ensurdecedor do
Que o outro raios disputam descargas se
Lançam em todas as direções a apostarem
Quem carregará o maior volume de descarga
Elétrica o vento lança a chuva para todos os
Lados tempestade no meio a tentar captar
Para mim um pouco dessa potencial universal
Para transformá-la numa obra sem igual
Superior com a mesma força com o mesmo teor
Pigmeu anão tatu toupeira menor do que
Sou só o ralo a vala negra a sujeira do mundo
Já é outro horror o erro do mundo já não tem
Mais tamanho nem chuva torrencial nem
Tsunami providencial endireitarão a humanidade
Bestial então depois do caos quando não
Houver mais mente coração apresentarei
Meus escritos em primeira-mão revelarei
Minha obra encontrarei dimensão alicerce
Estrutura um castelo medieval umas naus
Felizes no mar em que vago uma súbita mão
Dalgum fantasma oculto se chove pois
Se nenhuma chuva cai se te queres matar
Porque não te queres matar corro morro
Um dia chego lá minh'alma não será pequena
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