quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Desbaste de plantas daninhas; BH, 090202000; Publicado: BH, 080802012.

Desbaste de plantas daninhas
Ramos supérfluos de ervas
Numa terrível alimpa de relvas
Cresciam em meu coração
Vi chegar a alimpadeira
Mulher que alimpa que esperava
Fazer a alimpadura do meu peto
Numa ação de alimpar
Ou mesmo num alimpamento
Restos do que se limpou
Resíduo dos cereais joeirados
Não precisou nem de alimpador
Bastou o instrumento do amor
Amor de aljofareira a planta
Cujas sementes são parecidas com a aljôfar
Para aljofrar a aljubeta de aljubeteiro
Que as fazia sem alterar
A manter sempre o padrão
A designação definição
Para agradar sem em ocasião
Propício a uma união
Em frente a um tabelião
Meu Deus que confusão
Por que que fui nascer com coração?
Não poderia nascer com outra coisa?
Outro órgão menos sensível
Que não fizesse do sofrimento
O guia a dimensão da poesia
É isso que dar querer
Alcunha de poeta sem saber
Sem estilo sem modernidade
Sem linha editorial sem rigor
Perdido com a contenção verbal
Perdida também no varal
Da adjetivação excessiva estendida
Na contra mão do raio do sol
Que ilumina o quarador do quintal

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