domingo, 30 de setembro de 2018

Nada mais sou do que um algaço; BH, 060202000; Publicado: BH, 0100802012.

Nada mais sou do que um algaço
Uma designação genérica dessas vegetações
Que o mar arroja à praia
Esse algáceo banido do meio das algas
Que trago no peito algo
Do grego algos a exprimir
Toda a minha ideia de dor
A sórdida algofilia que é o prazer
Mórbido da própria dor
O masoquismo da algomania
Até me escondo no meu algodim
A capa de tecido rústico de algodão
Sou um algofilo que tem algofobia
Terror mórbido das minhas dores
Sou um algofóbo que tento fugir
Da dor que deveras sinto
Pela escavação onde se recolhe
A água da chuva ao final
Deparais com a cisterna seca
Tais meus olhos áridos arenosos
Sou a miragem dum algibe
Que me causa algestesia
A sensação dolorosa de não ser
A água pura fresca que mata
A sede de algia extrema
No sufixo com o sentido de dor
Não o que é muito frequente
Usado na nomenclatura médica
Tipo gastralgia sinalgia epigastralgia
A analgesia do grego algo+ia
Não adianta algebrizar meu destino
Não tenho destino nem vou
Melhorar a vida no futuro
Encher de fórmulas sem soluções
De perguntas sem respostas
São todas as nossas acomodações
Um algarobo distraído árvore da
Família das leguminosas esquecida
Numa tarde

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