Quando nasci
Viu-se logo que não era um gênio
Nasci nem sei porque
Meu pai não sabe
Minha mãe também não
Nasci sem explicação
Tinha que nascer
Aborto era impossível
Tinha que deixar acontecer
A natureza talvez não quisesse
Que viesse à tona
Talvez teria sido até melhor
Se tivesse morrido afogado
No mar de maré cheia
De espermatozoides de óvulos
Fazer a pobre coitada
Sofrer durante noves meses
Depois a dor do parto
A amamentação de ser medíocre
Sem genialidade
Sem especialidade
Ou sem seja lá o que
O que procuro então?
Procuro o que procura todo perdido
A saber que morrerei não encontrarei
Morrerei não serei encontrado
Não serei achado
Nem acharei o que todo perdido
Gostaria de achar
A luz da razão crepuscular
A trajetória da órbita celestial
O outro lado da crosta cerebral
O orgasmo da mulher amada
A besuntar o universo
De prazer sem igual
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