Não tenho uma musa inspiradora
Uma ninfa ninfeia uma danaide não
Tenho uma deusa para adorar
Ou uma boca para beijar sou
Ateu pagão incrédulo não
Tenho uma santa para acender minha
Vela imagem para o meu
Oratório todas as igrejas delas
Estão com as portas cerradas
Quando chego nalgum altar
Para adorá-las fogem de mim
Não fazem um milagre sequer
Mesmo quando peço no púlpito
Em reza ou em oração no tempo
Em que acreditava fazia promessa
Novena devoção vivia com o
Terço na mão o credo o breviário
Era até amigo do vigário
Toda vez que dizia sim
Diziam não com que convicção
Por isso que as minhas poesias
São assim vazias fúteis piegas
Inúteis não têm corpo alma
Não têm calor valor faltam
A o fluxo do amor a felicidade
O líquido virginal das danaides
As lágrimas serenas das santas
O canto lírico das ninfas
O teor maior das musas o
Altar inviolável das deusas
Convoco aos céus clamo blasfemo
Só me aparecem os ciclopes as Circes
As sereias com seus cantos enganosos
As bruxas as feiticeiras quem
Perde é a minha verve de bardo que
Deixa de ser altaneira sinto-me um
Fardo esquecido na lassidão da esteira
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