E sou um João Ninguém
Um resto de aborto
Que nunca tive nada
E nunca tive um amigo
E nunca tive um inimigo
E nem nunca tive opinião
Sou só um João Ninguém
Sou um ser passivo pacífico
Nunca fui à escola
E nem aprendi nada
Apenas um joão
Apenas um ninguém
Apenas um ser sem sonho
Sem ambição e ilusão
Sem nada e nem utopia
Mas em paz na mediocridade
Com o mundo inteiro
E comigo mesmo
E sem dever nada aos outros
Nem sequer obrigações
E sou um João Ninguém
E sou um João Feliz
Nunca precisei de dentista
Nunca precisei de médico
Nunca precisei de nada
Bebo minhas cervejas
Tomo minhas pingas
Pego meus porres
Quando posso
E quando tenho para gastar
Quando não tenho
Quando não posso
Enfio o rabo entre às pernas
E vou para casa
Vou para a cama deitar
Para não ir em cana
Não sei ler nem escrever
Mas sei dormir e aproveitar
Muito bem o meu sono
E sou um João Ninguém
Nunca tive amigos
Nunca tive inimigos
Nunca tive nada
Nem eu
Só tive João
Só tive Ninguém
Só sou um João Ninguém
Agora não sei porque
Só sei que sou feliz.
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