terça-feira, 1 de setembro de 2015

MIKIO, 127; 0290302013; Publicado: BH, 01º0902015.

Contundente, um poema só se sobressai,
Se for de teor contundente, ou fora disso,
É um poema indigente, depois de
Torturado no pau de arara, no choque
Elétrico e afogamento, enterrado em
Cova rasa, anonimamente, em Perus;
Se for um poema decente, adocicado,
Com sabor de mel, não segue em frente;
É com gosto amargo, com amargura
E mágoa, é com sabor de fel, de vômito
Na boca, que o beijo tem que ser dado;
Se for beijo que não assusta, como o
Sussurro da morte, não ganha vida
Própria; há de ser contundente, não
Falar em bons pensamentos, moral e
Amor; há de ser contundente, convulsivo,
Confuso e de confusão; ou cai no
Esquecimento, não dão bola e não alça
Voo; e não ultrapassa o ilimitado e será
Mais um no rés-do-chão; são de mãos
Decepadas estes dedos que seguram
Esta caneta, são de corpos picotados,
Estes órgãos que, antigamente,
Sustentaram os esqueletos; de noite
São caveiras nas encruzilhadas, são
Pós de ossos para rituais, restos de
Ossadas para amuletos e simpatias
Que, fecham os corpos; há de ser
Contundente, poema de se escrever
Em lápide de sepultura, epitáfio e
Símbolos de encomendações; há de
Ser contundente, do contrário, não
Ganha vento, não é exposto ao ar
Puro, à luz do sol; do contrário é
Destinatário duma gaveta de cômoda,
Onde se escondem as assombrações.

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