Amigo não tenho nem aval
Não tenho firma dum amigo terceiro
Que garanta para mim o pagamento
Duma letra ou obrigação financeira
Financista que venha a efetuar
A minha vida que é uma avalanche
Massa de neve de lava derretida de
Lama que rola por minhas encostas
De altas montanhas abissais colinas
A arrastar de roldão pelas veredas
Tudo que encontra pelo caminho
Meu mundo é um desmoronamento
Violento de redemoinho catástrofe
Pois sofro invasão súbita inédita
De multidões de devoradores de
Legiões que caem Caim sobre mim
Quedas de coisas muito pesadas
Não tenho avaliação positiva
Nem nada que pode me avaliar
Minha estimativa é tonelada zero
De curar o cálculo renal
De valor determinado deteriorado
Não posso ser avaliado
Nem ter avaliador fiador micenas
Ninguém quer avaliar negativismo
O que não tem valor positivo
Ninguém quer calcular o valor de zero
Estimar com aproximação do nada
Ajuizar a massa falida do menos
Fazer a apreciação do rescaldo
Depois do incêndio causado
Ter-se em conta da coisa destruída;
Não sou avaliável carcaça
Nem perante a Deus sucata
Que esqueceu-se de mim
Não quer ser meu avalista
Não posso ser avalizado
Arcabouço calabouço cadafalso
Se até a alma já está perdida
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