quarta-feira, 31 de outubro de 2018

As costas do meu pai; NL, 0120202010; Publicado: BH, 080502010.

As costas do meu pai
Sentado estava meu pai na maca
Do hospital da poltrona o
Observava estava de costas
Para mim sem camisa as costas
Do meu pai eram eretas os ombros
Eram altos mas não vi os sinais
De tantas chibatadas que levaram
Os antigos negros relhados nos
Pelourinhos a cabeça era de touro
De touro negro não sei de quais
Rincões d'África de pé era o
Verdadeiro Colosso de Rhodes dominava
Toda a região o tronco era
Feito de árvore que o vento não
Balançava as canelas finas porém
De ferro raramente vistas canelas
De capoeirista Firmo a estrutura 
De gigante de Maratona porte de
Atleta grego venerado igual a
Um deus do Olimpo as costas do
Meu pai cravei nas memórias das
Minhas retinas nas lembranças das
Meninas dos meus olhos foi a
Única vez que passaram por meus
Cristalinos nunca tinha visto
Meu pai desnudo nunca o vi em
Trajes mais sumários ou sem a
Camisa impressionei-me com
As suas costas tentei decifrar ali
Seus mistérios segredos medos
Suas histórias berços destino
Não o tenho mais entre nós
Eu os meus eus ficamos órfãos
Daquelas costas de Apolo negro de
Muro das lamentações dos nossos conflitos

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