Meu tio Gaspar
Irmão de minha mãe aonde andará?
Lembro-me a impor respeito
Com sua figura ímpar reservista de
Primeira categoria serviu no canal de Suez
De lá nos trouxe de presente
Um álbum que tocava musiquinha
Foi através dele com as fotografias
Que mandava que pela primeira
Vez tomei conhecimento do Egito
De suas maravilhas mandou-nos
Retratos montado em camelos
Ou dromedários dos navios a navegar
No Mar Mediterrâneo das piramides
Da Esfinge que nós meninos falávamos,
Que um tiro de canhão numa guerra
Tinha arrancado o nariz dela
Lembro-me dele no dia em que
Meu pai foi preso no golpe militar fui
Levar o almoço do meu pai na venda
Onde eles trabalhavam meu pai
Não estava lá meu tio mandou-me
De volta falou dum bilhete que
Havia mandado para minha mãe
Não me falou da prisão voltei
Com o almoço quando cheguei em
Casa é que fui saber que o meu pai
Tinha sido preso pela ditadura quando
Meu tio nos visitava contava-nos causos
Da caserna outras histórias fantásticas
Chegava a hora dele ir embora
Chorava para ele ficar mais de
Tanto que ele me impressionava hoje
Não sei dele não sei por quais terras
Anda mas sua austeridade guardo
Junto comigo se um dia o encontrar
Sei que não poderei dizer benção
Meu tio ele vai responder tudo
Bem não Deus te abençoe pois ele
Dizia que o nome de Deus não
Era para ser levado em vão
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