A minha angústia é infinita
Coberta de ansiedade para deixar-me inseguro
Sem confiança sem garantia ando a parecer
Que estou a pisar em areia movediça
Respiro tal qual enforcado não durmo com
Medo de sonhar quando sonho só pesadelos
Povoam meus sonhos todos os projetos de vida que
Tracei para pensar num futuro melhor revoaram
No primeiro abalo sísmico ruíram juntamente
Com o primeiro copo de cerveja a potência foi
Por terra como uma ejaculação precoce duma punheta à
Mesa de reunião minha opinião enfadonha
Recebeu o veto total de todos os participantes
O condutor pediu uma ideia brilhante uma
Saída luminosa apareço com a minha
Treva fria mais fria do que um iceberg
Pediram-me um romance mas como se sou
Uma tragédia uma comédia uma catástrofe
Pediram-me para compor uma música
Apresento uma ladainha de choros
De lamentações de lamúrias então que
Haja um soneto que haja poesia que haja
Uma obra-prima vi que nisso não
Era bom não tinha o verbo nem o substantivo
Não descansei no sétimo dia por não ter
Feito nada nem criado uma elegia
Fruto da árvore da ciência do bem do mal
Sem consciência fui expulso do paraíso para
Comer o pão que o diabo amassou com o suor
Do meu rosto expiar no mundo pelos meus
Pecados mas preguiçoso vagabundo nunca
Suei para comer meu pão nunca expiei meus
Pecados continuo com todos guardados
No meu armário na minha mocidade não
Amei tantas mulheres quanto quis amar
Foram poucas ou quase nenhuma maioria
Putas alegres ou tristes perebas nas pernas
Feridas nos braços micoses bravas espalhadas
Pelo corpo de sobra chatos muquiranas
Pela-sacos foi assim que cheguei ao fundo
Do poço ao desperdiçar a vida quando era moço
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