Se pudesse mover uma pedra
Ou separar a menor partícula do átomo
Ou ainda tivesse uma alavanca um ponto
De apoio ou o poder de apertar uma tecla
Dalgum dispositivo atômico talvez entenderia
A linguagem poética do século XXI olho abismado
Os muros das periferias as latarias dos vagões
Dos trens metrôs suburbanos confundem-me
Vejo as inscrições nessas paredes com a mesma
Obtusidade que deparo diante dum texto na
Linguagem dos computadores meu coração fica na
Dúvida evoluímos ou involuímos as
Mensagens que mandamos ao espaço cifradas
Em códigos para buscar outras civilizações outros
Seres através de ondas de rádio magnéticas
Ou levadas por foguetes satélites naves?
Ficarão perdidas pelo espaço ou atingirão
Os objetivos? se pudesse resgataria no
XXI a linguagem de Homero da filosofia
Trágica dos gregos pré-socráticos de Sócrates
Platão Aristóteles se pudesse manipular
O tempo a poesia se veria livre do inglês
De Bush do fanatismo religioso do genocídio
Dos ditadores dos campos de refugiados da
Perseguição que é feita contra a humanidade
Na Europa na contemporaneidade só a
Sensibilidade da ausência de políticos
Com suas condolências veria o banimento de
Pseudo-famosos com suas vidas infrutíferas seus
Casamentos fúteis romances melosos vidas vazias
Comportamentos inúteis Bertold Brecht valei-nos
Goethe Nietzsche valei-nos livrai-nos dessas
Estéticas podres da falta de senso de ridículo
Da mediocridade do banalismo Borges meu
Borges roga por nós salva-nos da perdição
Cultural meus pretos santos africanos pais
Dos meus ancestrais Zumbi Mandela libertai
O poder da poeira preta liberai
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