Esfrega tuas retinas nessas rochas
Fere tuas íris nessas pedras desvirgina
Tuas meninas dos olhos nessas montanhas
Estupra teus olhos nesses cânions pode ser a
Última vez que lanças teu olhar do
Cume desses precipícios violenta tuas vistas
Nessas vistas nessas cordilheiras nesses vales
Chapadas desfiladeiros amanhã talvez
Quem sabe sejas mais um cego dentre
Esses cegos porque não queres sublimar
Tua visão com essas visões? essas aparições
Não são assombrações pena que não sejam os
Andes Pirineus o Ararat Sinai os outros montes
Sagrados essas ladeiras esses calvários
Vai estrepas tuas retinas nesse mármore
Santo das montanhas de Carrara fures teus globos
Oculares com esse infinito costures com essa
Linha do horizonte os rasgões dos teus nervos
Óticos com o teu cristalino torturado nessas
Paisagens poeta eterniza nesta poesia
Essas gravuras picassianas faça pincéis com teus
Cílios pestanas imortaliza esses quadros nas tuas
Pálpebras pendura poeta em tuas sobrancelhas
Essas arquiteturas piramidais não deixes que
Abcessos se criem nas órbitas dos teus olhos são
Necessários para a sobrevivência dessas obras-primas
Pois de repente como num ensaio sobre a cegueira
Todos nós passemos a ter espigões de leite à nossa
Frente a natureza se tornará indigente
Não terá quem a veja de forma diferente
Só poeta entende essas linguagens ocultas essas
Filosofias secretas esses blocos misteriosos de
Origens desconhecidas que se interpõem nos nossos
Caminhos só tu com essas cavidades do teu esqueleto
A olhar essa luz prateada da lua é que compreendes
Esse sol milenar essa lua patética que nos acaricia
Como se fossemos nós uma pessoa amada
Só tu poeta sê tu mais nada
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