segunda-feira, 11 de junho de 2012

Hoje estou mais solitário; RJ, 0120201999; Publicado: BH, 0110602012.

Hoje estou mais solitário
Do que quando nasci
Estou mais abandonado
Sozinho desamparado
Quando nasci
Todo mundo me paparicava
Tinha mãe por perto
Tinha pai
Avôs avós
Tios tias
Irmãos irmãs
Todos os parentes vizinhos
Toda a gente da redondeza
Hoje estou aqui
Jogado na sarjeta
Aquele menininho bonitinho
Transformou-se num velho
Ranzinza alquebrado
Um velho torto enferrujado
Caduco desmiolado
Nenhum asilo me quis
Fui lançado às calçadas
Às ruas vielas marquises
O que restou de mim
Bolor são os restos que
Nem as aves de rapina
Nem os vermes da terra
Querem mais por alimento

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