terça-feira, 12 de junho de 2012

Não tenho um pescoço firme; BH, 0170801999; Publicado: BH, 0120602012.

Não tenho um pescoço firme,
Para apor minha vacilante cabeça;
Não tenho um pedestal feito de bronze,
Uma base de concreto armado,
Para pôr junto, ou em cima a minha cabeça;
Não tenho como me ligar em algo,
Que me tire deste ridículo
De querer prender em mim,
Uma cabeça flexível que só quer voar;
Cansei de aporrear esta danada,
De espancar com porrete e pedaços de pau,
Bater com ela na parede de cimento,
E só soube me aporrinhar até agora;
Quanto mais penso que,
Está firme em mim,
Mais chego á conclusão que,
Só está cheia de aporrinhação;
É uma cabeça gelatinosa, de mola
E o cabelo que a cobre, então,
É outro aporrinhamento sem razão,
Já mandei raspar e cresceu de novo;
Agora está a cair e a me deixar careca;
E uma coisa que gosta,
É de se apoquentar de vez em quando,
Esquentar-se até a me aborrecer,
Parece que vai estourar;
Ai vem uma ventania,
Balança-a para um lado,
Balança-a para outro, esfria,
E torna a voltar para o lugar;
Preciso dum pescoço forte,
Para aportar a minha cabeça;
Conduzir ao porto desse pescoço,
Ou a outro lugar para fundear,
Esta minha cabeça que é uma nau a voar;
Não tenho um pescoço firme,
Para chegar com a minha cabeça.

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